uol.com.br
Entenda o caso da refinaria da Petrobras em Pasadena
GUSTAVO PATU DE BRASÍLIA
Para começar, o fato incontestado: a Petrobras fez um mau negócio ao comprar em 2006 uma refinaria em Pasadena, nos EUA, como admitem os dirigentes de ontem e de hoje da estatal. Não só porque o montante desembolsado supera em muito o atual valor de mercado da refinaria; também não faz mais sentido refinar petróleo brasileiro para o mercado americano, agora que é preciso importar combustíveis para o Brasil. Há três hipóteses, não excludentes entre si, para explicar a trapalhada: Continuar lendo 1) azar, na forma de reviravoltas imprevisíveis da economia; 2) imperícia, por riscos subestimados ou decisões equivocadas; 3) dolo, se funcionários e autoridades provocaram propositalmente as perdas para desviar recursos em proveito próprio. A primeira e mais benigna das versões foi a apresentada pela Petrobras. Editoria de Arte/Folhapress A presidente Dilma Rousseff surpreendeu ao escolher a segunda: em nota, disse que o negócio só foi aprovado porque cláusulas fundamentais eram desconhecidas. As piores suspeitas investigadas pela Polícia Federal, pelo Ministério Público e pelo Tribunal de Contas da União derivam de calunias nas narrativas da má sorte e da falha empresarial. A COMPRA E OS MOTIVOS As justificativas para a compra da refinaria (uma usina que transforma petróleo em combustíveis e outros derivados) parecem razoáveis. Argumenta-se que o consumo de combustíveis, então estagnado no Brasil, disparava nos Estados Unidos, em meio à euforia generalizada da economia americana. O plano era adquirir uma refinaria obsoleta, mais barata, melhorar suas instalações e adaptá-las ao tipo de petróleo mais produzido no Brasil. Os dados nebulosos começam com o pagamento de US$ 360 milhões por metade da refinaria de Pasadena, uma sucata adquirida um ano antes pela empresa belga Astra Oil por US$ 42,5 milhões. Segundo a Petrobras, o valor da compra foi US$ 190 milhões; os US$ 170 milhões restantes seriam referentes aos estoques de petróleo e derivados da refinaria. Alega-se que a escalada dos preços acompanhava o aumento das margens de lucro do refino do petróleo na época. Uma evidência disso seria a recomendação favorável do Citibank à transação. Dito de outra maneira, pagou-se muito porque se acreditava que o retorno futuro seria elevado. A Petrobras se juntava aos investidores e especuladores que apostaram no prolongamento da era de prosperidade –e perderam. A DERROCADA Oito anos atrás, o Conselho de Administração da estatal, presidido por Dilma, aprovou a transação, que tornava a empresa sócia da Astra. Já surgiam sinais de mudança nos ventos do mercado. A Petrobras havia identificado a tendência de aceleração do consumo de combustíveis no Brasil, que se intensificaria nos anos seguintes; nos EUA, a economia começava uma parada que culminaria no colapso de 2008. O preço do petróleo e as margens de lucro do refino caíram; os investimentos programados em Pasadena não saíram do papel; o casamento entre Petrobras e Astra chegou rapidamente ao fim. Com o divórcio, Dilma e os demais conselheiros da estatal descobriram –oficialmente, ao menos– a extensão das vantagens oferecidas aos belgas na sociedade. À Astra havia sido garantida uma rentabilidade anual de 6,9% ao ano, como compensação ao investimento necessário para processar o petróleo brasileiro. E, em caso de discórdia, o direito de vender à Petrobras sua metade no negócio. A direção da empresa brasileira se dispunha a pagar espantosos US$ 788 milhões pelo restante da operação fracassada, um valor ainda sem explicação. Em 2008, o Conselho de Administração negou o aval à ideia, e o caso foi parar na Justiça. AS CONTRADIÇÕES A partir daí, Petrobras e governo brasileiro tomam providências contraditórias. Em março daquele ano, o até então diretor da área internacional da estatal, Nestor Cerveró, foi retirado do posto. Responsável pelas informações prestadas aos conselheiros, Cerveró não foi, porém, punido. Ganhou o cargo de diretor financeiro da BR Distribuidora, ligada à Petrobras e administradora dos postos de gasolina. Só perdeu o emprego neste mês, depois da nota do Palácio do Planalto que atribuiu a aprovação da compra da refinaria a um resumo "técnica e juridicamente falho" das condições do contrato. Em 2009, a Justiça estabeleceu que a Petrobras deveria pagar US$ 639 milhões à Astra –US$ 296 milhões pela segunda metade da refinaria, US$ 170 milhões pelos estoques restantes de petróleo e US$ 173 milhões em custos associados ao processo. Era menos do que a direção da estatal estava disposta a desembolsar um ano antes, mas, ainda assim, a empresa decidiu recorrer da decisão. Os belgas também seguiram em busca do valor mais elevado acertado antes. Em 2012, com a perspectiva de derrota judicial, a Petrobras fez um acordo que custou ainda mais: US$ 821 milhões, porque os custos relacionados ao processo subiram para ainda inexplicáveis US$ 355 milhões. Também no governo Dilma, a estatal tentou vender a refinaria, mas não conseguiu nada que chegasse perto do US$ 1,18 bilhão gasto ao todo no negócio fracassado. Com pelo menos seis anos de atraso, a empresa decidiu agora apurar responsabilidades. O que realmente eu entendo é que o Par Tido começou a passar a mão em R$1bi aqui e ninguém falou nada, depois foram para EUA e também passaram a mão num US$1.2bi e ninguém falou nada, tenho medo de irem para a Inglaterra e passa a mão num US$1.8 e ninguém também não falar nada. Aí dizem que as prostitu tas são ruins para a sociedade. Eu concluo que a sociedade é que é prostituta e cadela, e das piores, pelo tamanho do rombo, não temos furico, temos duto. Responder LM_RJ 30/03/2014 23h23 Avaliar como positivo 2 Avaliar como negativo 1 Denunciar resumo da história da REFINARIA de pasadena: diretor da petrobras que efetuou o negocio esteve sempre amparado pela máquina do governo federal. em um país um pouco mais sério (EUA) estariam todos presos. em 1 país mais rígido (china) seriam todos executados sumariamente sem mais Responder MAC 30/03/2014 20h28 Avaliar como positivo 0 Avaliar como negativo 0 Denunciar O ex-presidente da companhia chamou de "exacerbação" Na minha opinião exacerbado foram os negocios mal feitos durante a sua gestão, que necessitam também de investigação urgente. As duas refinarias "tomadas" (porque avaliaram e vão pagar quando quiserem) em Cochabamba e Santa Cruz de la Sierra, e também a sociedade fantasma na refinaria Abreu de Lima, que está sendo tocada exclusivamente pelo Petrobras. A máscara está caindo Brasil! O comentário não representa a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem Responder Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário