MERCADOS
POR RODRIGO TOLOTTI UMPIERES 30 set, 2016 14h44 SÃO PAULO - Infomoney
Merkel não tem outra escolha a não ser salvar o Deutsche Bank, diz Gartman Em carta publicada hoje, o investidor diz que o governo terá que ajudar o banco, mas uma notícia durante a tarde pode ser meio caminho para esta ajuda. A situação do Deutsche Bank tomou o noticiário nesta semana conforme o maior banco da Alemanha caminha para o fundo do poço e faz o mercado relembrar do seu maior trauma recente: a quebra do Lehman Brothers em 2008. Mas o cenário ainda é incerto e a cada momento o rumo das coisas parece mudar. Mas a velha máxima do mercado surgida na crise está de volta: o Deutsche é grande demais para quebrar? Tudo começou com a informação de que a Justiça dos Estados Unidos quer impor uma multa de US$ 14 bilhões ao banco, o que torna praticamente inevitável que a instituição receba ajuda para se salvar. E neste ponto o problema chega ao governo, que é o único capaz de fazer este papel, mas que não está nem um pouco disposto a resolver este problema.Fantasma do Lehman Brothers volta a assombrar: qual é o risco da crise do Deutsche para os mercados?
O influente investidor Dennis Gartman afirmou na manhã desta sexta-feira (30) que Angela Merkel e sua equipe não tem escolha, eles precisam ajudar o Deutsche. "No final, a Alemanha não pode permitir que o Deutsche Bank falhe, nem sequer insinuar seu fracasso", diz o economista em sua carta para clientes. "O Estado alemão terá de fazê-lo muito, muito claro porque a plena fé e o crédito da república alemã estão por trás deste banco. O resgate pode ocorrer até mesmo por financiamento de curto prazo. Mas não pode ser de outra forma", continua Gartman. "A falha do Deutsche pode permitir que bancos menores, regionais, fracassem, assim como os bancos de empréstimos de casas. Talvez, por causa da história do banco, que é simplesmente chamado de "The Deutsche Bank" será mantido solvente no final. Mais uma vez, não pode ser de outra forma", completa. Mas o cenário pode ter mudado nesta tarde com a notícia da Associated Press de que o banco estaria próximo de um acordo com as autoridades americanas, enquanto o valor da multa pode ter ficar em quase um terço do que se esperava antes, caindo para US$ 5,4 bilhões. Mas ninguém sabe até onde isso representa a realidade e o quanto isso reduziria a necessidade do banco precisar de ajuda do governo. Nesta manhã, o presidente do Deutsche, John Cryan, enviou uma carta para seus funcionários em que tentou passar uma imagem de calma, defendendo que a instituição permanece robusta. A notícia de que vários fundos de investimento ("uns poucos", segundo ele) estão reduzindo suas exposições ao banco levou-o também a dizer que essa perda é pequena comparada com a vasta base de clientes no total. "Devemos olhar para o cenário completo. O Deutsche Bank tem mais de 20 milhões de clientes. Somos e permanecemos um forte Deutsche Bank", afirmou na carta. Cryan afirmou ainda que o banco está estável e tem uma almofada de capital suficientemente grande. Ele culpa a "especulação" e "certas forças" pela derrapagem na bolsa. Para o diretor da mesa de trade da corretora Mirae, Pablo Stipanicic Spyer, a carta do presidente do banco provocou uma correção das perdas que aconteceram nas últimas sessões. "A [chanceler alemã, Angela] Merkel não vai salvar o banco, por isso os investidores acreditaram na carta", afirma. Para ele, a hecatombe nos mercados que muitos preveem que possa acontecer com um aprofundamento dos problemas do banco alemão não deve ocorrer. Mas as coisas não são tão simples. Em um editorial publicado nesta sexta, a Bloomberg afirma que "mesmo que a Alemanha realmente tivesse a intenção de deixar o Deutsche Bank quebrar, não poderia ameaçar fazer isso de forma plausível. A instituição é, indiscutivelmente, a que apresenta o maior risco sistêmico da Europa, com ativos que equivalem a mais da metade do PIB anual da Alemanha. Usar o Deutsche Bank como exemplo poderia levar a um contágio devastador". Uma das soluções apontada pela agência de notícias seria as autoridades europeias – em especial o Banco Central Europeu - conduzirem o processo de recapitalização. Isso significa conduzir testes de estresse que identifiquem a verdadeira escala de necessidades dos bancos, descobrir quais instituições podem e devem quebrar e oferecer dinheiro público para fortalecer o restante, se necessário. O pior cenário ser evitado, mas a crise do Deutsche é apenas a ponta do iceberg em um problema que pode afetar praticamente toda Europa. "Se as autoridades puderem mostrar determinação suficiente para inspirar a confiança do mercado, os bancos da região ainda podem ser capazes de levantar o capital que precisam junto a investidores privados (como os bancos americanos fizeram em 2009)", conclui a Bloomberg.
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