segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Socialismo Fabiano – você já tinha ouvido falar disso?

Partidos Políticos e Ideologias
Domingo, 18 de maio de 2014

Socialismo Fabiano – você já tinha ouvido falar disso? Uma metástase lenta, como uma bolha assassina que segue englobando tudo.

Luiz Carlos Nogueira nogueirablog@gmail.com

Quinto Fábio Máximo, ou como se dizia em latim: Quintus Fabius Maximus; viveu em Roma ca. 275 a.C. — Roma, 203 a.C.), e era chamado de “Cunctator”. Foi um político e militar romano. Foi nomeado cônsul em cinco ocasiões (233 a.C.,215 a.C., 214 a.C. e 208 a.C.), e ditador em outras duas (221 a.C.? - 219 a.C. e 217 a.C. Também ocupou o censorado em 230 a.C. “Cunctator”, em latim, significa "o que adia", porque era a referência a que se fazia às suas táticas utilizadas durante a Segunda Guerra Púnica para deter Aníbal. Por conta disso, no final do século XIX, foi criada em Londres no dia 4 de janeiro de 1884, a Sociedade Fabiana, que propunha como sua finalidade institucional, a elevação da classe operária para tornar-la apta a assumir o controle dos meios de produção nacional. A Sociedade Fabiana constituiu-se como uma agremiação política de cunho socialista, que se opunha à luta de classes, que como já me referi, recebeu esse nome por adotar a tática gradual e temporizada que lembrava, sob alguns aspectos, a política de Quinto Fábio Máximo, Assim, o Socialismo Fabiano era caracterizado pela lenta e gradual tomada do poder, sem lutas violentas e sangrentas, ou seja, sem a característica revolucionária do tipo cubana ou como pretenderam no passado, os movimentos de guerrilhas no Brasil. Esse movimento rejeitava as idéias utópicas, mas pretendia dar um sentido socialista às instituições que já existiam. Seus ideólogos acreditavam na gradual evolução da sociedade, mediante pequenas e progressivas reformas, ou seja, de maneira "evolucionista", trazendo gradualmente para o socialismo, muito diferente do marxismo que pregava uma passagem abrupta e revolucionária ao socialismo. Inspiravam-se nas ideias de Stuart Mill e sustentavam que o bem-estar da maioria exigia a intervenção do Estado. Tanto era assim, que adotaram a tartaruga, como símbolo. A Ideologia Fabiana era a favorável a adoção de uma alternativa no que tange à propriedade dos meios de produção, porque pensava que dessa forma poria um fim à desordem econômica e aos abusos, segundo eles, provocados pelo capitalismo. Defendia a idéia de que o Estado deveria proporcionar a saúde pública e o ensino gratuito para todos os cidadãos. Além disso, propugnavam pela normatização das condições de trabalho, inclusive para diminuir o emprego da mão-de-obra infantil e os acidentes de trabalho nas fábricas e canteiros de obra. Já naquela época a Sociedade Fabiana pregava os princípios da justiça social com a adoção de um salário mínimo, em 1906, e a criação de um sistema de saúde universal em 1911. O Filósofo Olavo de Carvalho, conforme o excerto seguinte que extraí da Wikipédia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Olavo_de_Carvalho) aponta que “o chamado socialismo fabiano ("terceira via, keynesianos, sociais-democratas"50 ) ‘distingue-se do marxista porque forma quadros de elite para influenciar as coisas desde cima em vez de organizar movimentos de massa. Seu momento de glória veio com a administração keynesiana de Roosevelt, que, a pretexto de salvar o capitalismo, estrangulou a liberdade de mercado e criou uma burocracia estatal infestada de comunistas (...). No poder, os fabianos dão uma maquiada na economia capitalista enquanto fomentam por canais aparentemente neutros a disseminação de ideias socialistas, promovem a intromissão da burocracia em todos os setores da vida (não necessariamente os econômicos) e subsidiam a recuperação do socialismo revolucionário. Quando este está de novo pronto para a briga, (...) novamente eles fingirão salvar a pátria enquanto salvam, por baixo do pano, o socialismo’.51 ‘O fabianismo nunca foi inimigo do socialismo marxista: adora-o e cultiva-o, porque a economia marxista, incapaz de progresso tecnológico, lhe garante mercados cativos, e também porque sempre considerou o comunismo um instrumento da sua estratégia global. Os comunistas, é claro, respondem na mesma moeda, tentando usar o socialismo fabiano para seus próprios fins e infiltrando-se em todos os partidos socialistas democráticos do Ocidente’”. Pertenceram à Sociedade Fabiana, os escritores George Bernard Shaw, Leonard Woolf e sua esposa Virginia Woolf, a anarquista Charlotte Wilson, a feminista Emmeline Pankhurst, o sexólogo Havelock Ellis, os escritores H. G. Wells, George Bernard Shaw8 e Bertrand Russell8 , o militante Edward Carpenter, a escritora Annie Besant, o físico Oliver Joseph Lodge, o político Ramsay MacDonald e o escritor Salama Moussa. Parece-me que tiveram maior destaque e influência na Sociedade Fabiana, os escritores Sidney Webb e sua mulher Beatrice Webb, devido aos seus inúmeros estudos focados sobre a Grã-Bretanha durante a Revolução Industrial, indicando formas alternativas para a economia cooperativa, para a utilização do capital e das terras. Por conta disso, essa Sociedade exerceu enorme influência para a criação do Partido Trabalhista do Reino Unido em 1906, e que se tornou de grande expressão política, mantendo-se ligados até quase ao final do século XX. Na esteira dessa mesma ideologia fabiana, que se seguiram entre as duas Guerras Mundiais, outros escritores que tiveram destaques foram RH Tawney, GDH Cole e Harold Laski. Foi nesse espaço de acontecimentos, que surgiram lideranças terceiro-mundistas com ideologias focadas nas idéias Fabianas, como por exemplo, Jawaharlal Nehru da Índia. De tal sorte Nehru, fazia com que a economia da Índia se submetesse ao Estado que operava e controlava os meios de produção. Não havia incentivo algum aos direitos de propriedade e à atividade privada. Se algo desse tipo acontecia era por autorizações do seu governo. Não havia empreendedorismo devido à nacionalização das atividades econômicas e aos altos impostos, havendo apenas incentivo ao racionamento, bem como ao controle das opções individuais, para que assim pudesse impor e implantar o socialismo à moda da Sociedade Fabiana. Nesse período de governo, a industria pesada, a Metalurgia, as telecomunicações, os transporte, a geração de energia, a mineração e o desenvolvimento imobiliário, ficou estagnado, sem nenhum aceno desenvolvimentista. Também vários outros líderes que viviam na Índia antes da sua independência, como por exemplo, a militante socialista, teósofa e membro da Maçonaria, ativista e defensora das mulheres, Annie Besant, mentora espiritual de Nehru, assim como, a presidente do Congresso Nacional Indiano, eram membros da Sociedade Fabiana. Obafemi Awolowo, no final da década de 1940, também foi membro da Sociedade Fabiana, e mais tarde tornou-se o primeiro-ministro da extinta Região Oeste da Nigéria, onde aplicou essa ideologia que não conseguiu aplicar em todo o nível nacional daquele país. O fundador do Paquistão, Muhammad Ali Jinnah, foi membro ativo da Sociedade Fabiana em 1930. O primeiro primeiro-ministro de Cingapura, Lee Kuan Yew, declarou que sua filosofia política havia sido forjada pelo socialismo Fabiano, no entanto, com o decorrer do tempo, à medida que foi adquirindo mais experiência, acabou mudando o seu ponto de vista, chegando a confessar que o ideal do socialismo é algo impraticável, haja vista que o aparecimento dos grandes problemas sócio-econômicos até à década de 1970, contribuíram para o sensível enfraquecimento da economia britânica. Na verdade, o declínio da Sociedade Fabiana teve seu início sentido em meados dos anos 30, por conseqüência de vários fatores ou seja, devido as variegadas posições ideológicas respeitante à experiência da URSS, bem como, a perda da influência no Partido Trabalhista, derrotada por indivíduos egresssos do sindicalismo e da classe operária. No entanto, a Sociedade Fabiana se ufana de haver obtido a materialização da maior parte dos seus objetivos propostos, justamente durante e depois da Grande Depressão, e que o Welfare state emergiu graças aos esforços e ao trabalho intelectual da Sociedade Fabiana, que segundo os seus acólitos, continua sua atividade até hoje. Mas como eu não sou historiador, nem tampouco um especialista em política, deixo um pouco a incumbência de melhor informar ao leitor, a cargo do filósofo Olavo de Carvalho, que faz uma síntese neste vídeo.

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